Posts Marcados Contaminação

Quem Benzeu meu Refrigerante?

Fabricantes terão que reduzir substância cancerígena em refrigerantes

Manchete da Folha de São Paulo em 28/10/2011 – Equilíbrio e Saúde

A substância cancerígena ou melhor, carcinogênica[1], citada na matéria da Folha de São Paulo é o Benzeno. Pois é, Benzeno!, dá pra acreditar? De acordo com o texto, as fabricantes de refrigerantes assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que prevê um limite de benzeno em suas bebidas de 5 µg/L (microgramas por litro), o que ficaria de acordo com os padrões de potabilidade de água estabelecidos pela portaria n° 518/04 da ANVISA, ou seja, as bebidas analisadas estavam acima deste limite. Para se ter uma ideia, a OMS – Organização Mundial da Saúde – determina um padrão de potabilidade de água de 10 ppb (ppb – partes por bilhão) o que gera uma concentração de 0,010 micrograma de benzeno por litro de água. Quinhentas vezes menor em relação ao padrão brasileiro!!!

Vamos dar uma olhada rápida neste tal composto.

BENZENO

Descoberto por Michael Faraday[2] em 1825 após aquecer o óleo de baleia utilizado em iluminação pública nas ruas de Londres, o benzeno é um líquido incolor (pf. 5,5°C e pe. 80°C) de fórmula C6H6 e massa molecular, 78 g/mol.

O benzeno e seus derivados são conhecidos como compostos aromáticos[3] uma vez que possuem cheiro forte. Sendo assim, o benzeno é a molécula aromática principal.

 

Figura 1 – Benzeno (Fórmula Estrutural)

Observando a Figura 1, nota-se que o anel benzênico possui em sua estrutura cíclica três ligações duplas intercaladas (Químicos dizem: ligações duplas conjugadas) que alteram de posição num evento conhecido como ressonância. É por isso que muitas vezes escrevemos a estrutura do benzeno como um hexágono contendo um círculo no centro. Os matemáticos gostam de dizer que é um hexágono regular que circunscreve um circulo… mas quem é que entende esses caras?!

 

O benzeno é onipresente nos ambientes. A grande parte da população está exposta a este composto por conta de várias fontes como a queima de combustíveis fósseis, emissões industriais e o belo, charmoso e sexy hábito de fumar. Você fumante libera benzeno na atmosfera e além de se prejudicar, contamina os outros (fumantes passivos).

REAÇÕES ENVOLVENDO O BENZENO

Apesar de sua estabilidade química, o benzeno pode sofrer alguns tipos de reações, sendo as mais comuns as reações de substituição (Químicos dizem: Substituição Eletrofílica Aromática):

Mas de onde vem o benzeno contido nos refrigerantes?

Muitos refrigerantes trazem em seus conteúdos o ácido benzoico, um conservante e ácido ascórbico, este último conhecido com vitamina C. Sob certas condições estes dois compostos podem reagir formando como produto o benzeno!

 

Viu só o que pode ter numa notícia de jornal?!

Abaixo segue um video do site Periodic Table of Videos (http://www.periodicvideos.com/) sobre o benzeno.


[1] Substância com potencial cancerígeno, isto é, que tem como propriedade o potencial de desenvolvimento de câncer, como a nicotina, o benzeno e as radiações.

[2] Professor Michael Faraday (1791 – 1867)

[3] Compostos aromáticos: são aqueles que possuem em sua estrutura um anel benzênico. Querido alunos, por favor não confundam com outros compostos que também possuem cheiro, como p.ex. os ésteres. Para ser um composto aromático temos necessariamente um benzeno!

, , ,

Deixe um comentário

DIOXINA

Alemanha sacrificará centenas de porcos contaminados com dioxina

Folha de São Paulo – 11/01/2011

Germans Fear Dioxin Has Contaminated Small Farms

The New York Times – 01/01/2011

Sales from 4,700 German farms halted over dioxins

No immediate reports of health problems, German officials say

CBC Canada – 01/01/2011

German dioxin scare spreads to meat

Germany’s poisoned eggs scare has spread to chickens, with investigators now reporting increased levels of cancer-causing dioxin in meat.

The Telegraph – 09/01/2011

Semana passada tivemos notícias sobre contaminação de crianças chinesas por chumbo.

Esta semana os veículos de comunicação trouxeram mais um caso de contaminação. Agora por dioxina. Segue abaixo um pouco sobre essa classe de poluentes.

Dioxinas

As dioxinas, denominação genérica de compostos orgânicos aromáticos policlorados, pertencem a uma classe de poluentes orgânicos, com potencial de bioacumulação além de sua alta toxicidade e propriedades carcinogênicas.

São também conhecidos como dibenzo –p­ – dioxinas (PCDD), possuindo 75 congêneres, ou seja, segundo a US EPA – “compostos que pertencem a mesma classe de substâncias” – sendo a 2,3,7,8 – tetraclorodibenzo – p – dioxina (2,3,7,8 – TCDD dioxina de Seveso) o congênere mais tóxico.

 

Fóruma geral de uma Dioxina

2,3,7,8 – TCDD

“Dioxina de Seveso”

Este tipo de substância não é produzida comercialmente e sim gerada como subproduto de uma gama de processos, incluindo o clareamento da polpa de celulose, a incineração de lixo e resíduos hospitalares, a reciclagem de matais e produção de solventes como os tri e per-cloroeteno. Estão entre as mais cancerígenas conhecidas, representando um risco muito grande à saúde e ao meio ambiente. Por isso, esses elementos estão listados na Convenção de Estocolomo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, e precisam ser medidos, monitorados e reduzidos drasticamente para eliminar os riscos à população.

Porém, a maior fonte de dioxinas no meio ambiente é a incineração de resíduos (lixo), ou seja, queima de matéria orgânica em presença de compostos clorados.

Cuidado: seu cigarro também libera dioxinas

A propriedade físico-química mais importante relacionada com as dioxinas é a sua baixa solubilidade em água (apolares) e assim sendo, a via principal de transporte deste poluente é o ar, sendo encontrado como contaminante de material particulado fino e ultra-fino.

Outra característica importante relacionada à baixa solubilidade em água é a habilidade de bioacumulação ao longo de cadeias tróficas devido à sua lipossolubilidade e interação com matéria orgânica, causando alterações no sistema endócrino dos organismos.

Fontes comuns de dioxinas:

Papel e Celulose: o processo de branqueamento de papel e celulose que utiliza cloro elementar (Cl2) é uma fonte de dioxinas, devido a reação deste elemento com compostos orgânicos provenientes da lignina. O branqueamento é necessário para eliminar a cor escura da polpa resultante da absorção da luz pela lignina.

Em 2001 os EUA baniram este tipo de processo com substituição de cloro por outro agente de branqueamento – ClO2.

Incineração e Queimadas: queimadas de muitos tipos, incluindo aquelas em florestas e incineradores, liberam para atmosfera vários congêneres da família das dioxinas. A produção de dioxinas parece pouco inevitável quando ocorre a combustão de matéria orgânica em presença de cloro.

Fontes

Baird, Colin – Environmental Chemistry;

Pereira, Marcia de Souza – POLYCHLORINATED DIBENZO-P-DIOXINS (PCDD), DIBENZOFURANS (PCDF) AND POLYCHLORINATED BIPHENYLS (PCB): MAIN SOURCES, ENVIRONMENTAL BEHAVIOUR AND RISK TO MAN AND BIOTA, Quim. Nova Vol. 27, No. 6, 934-943, 2004

Portal das Dioxinas e Furanos – http://www.upan.org.br/dioxinas/index.htm

, , ,

2 Comentários

Chumbo – Contaminação

Nesta semana os meios de comunicações divulgaram mais um caso de contaminação por chumbo, desta vez na China, onde pelo menos 200 crianças apresentaram níveis elevados deste elemento no organismo. O evento é decorrente da contaminação ambiental numa região onde se encontram duas usinas de baterias, na província de Anhui.

Segundo o Environmental Health Criteria:

Chumbo (Pb) é um metal macio de cor cinza prateado, cujo ponto de fusão é de 327,5°C. É altamente resistente à corrosão, sendo solúvel em ácido nítrico e ácido sulfúrico a quente. Em compostos inorgânicos de chumbo o estado de valência usual é +2. A solubilidade em água varia, sendo pouco solúveis os óxidos e sulfetos e relativamente solúveis em água fria os nitratos, cloratos e sais de cloreto.

Os métodos comuns de análise para chumbo são:

  • Chamas;
  • Fornos de grafite;
  • Plasma acoplado indutivamente;
  • Espectroscopia de absorção atômica;
  • Voltametria;

Fontes de contaminação humana:

Os níveis de chumbo na crosta terrestre estão entre 20 mg.kg-1 (20ppm). No meio ambiente, o chumbo pode ser derivado tanto de fontes naturais quanto antropogênicas. As fontes naturais de Pb na atmosfera são decorrentes do intemperismo geológico e das emissões vulcânicas, sendo estimadas em 19 000 toneladas/ ano.

O chumbo pode entrar no meio ambiente em qualquer ponto durante a mineração, fundição, processamento, usos, reciclagem e descarte. Sua utilização é vasta sendo encontrado em baterias, cabos, pigmentos, aditivos de gasolina, soldas e produtos de aço. *Muitos dos usos descritos anteriormente foram proibidos, como p.ex., os aditivos da gasolina.

Efeitos em humanos:

Em humanos, chumbo pode causar vários efeitos biológicos dependendo do nível e duração da exposição.

Segundo o LCT da UFRJ, temos:

Para fins de diagnóstico da intoxicação por chumbo, deve-se ter em mente que este metal age em alguns órgãos-alvo que determinam os sinais e sintomas típicos da intoxicação: cérebro, rins, sistema hematopoiético, sistema nervoso periférico.

Em exposições tanto agudas quanto crônicas, em concentrações baixas ou moderadas, o órgão crítico alvo é o cérebro, promovendo sinais e sintomas de encefalopatia de maior e menor grau, dependendo da intensidade e duração da exposição, tais como, cefaléia, perda de memória, perda da concentração e atenção em tarefas corriqueiras, alterações de humor, com irritabilidade, depressão, insônia (ou sonolência).

sses sintomas podem progredir para piora na intensidade, até surgimento de sinais característicos de encefalopatia com alterações neurológicas visíveis ao exame físico, como distúrbios de comportamento mais graves (paranóia, delírios e alucinações), alterações da marcha e do equilíbrio (denotando já um comprometimento de cerebelo), agitação psicomotora e, em situações de exposição a altas concentrações, alterações de consciência como obnubilação, estupor e coma, precedidos, em alguns casos, de convulsões. A seqüência de sintomas e sinais decorrentes da ação do metal sobre o sistema nervoso central deve ser vista como possibilidades de ocorrência dependendo sempre da duração da exposição e da concentração de chumbo no ambiente. Em crianças, pode-se verificar a ocorrência dos mesmos sinais e sintomas, sendo que os sinais mais intensos estão quase sempre relacionados à exposição por via digestiva (ingestão de solo contaminado, ou flocos de tinta de construções ou brinquedos deteriorados, com teores altos de chumbo, como nos EUA).

Todos esses sinais e sintomas de encefalopatia são inespecíficos e nenhum deles isoladamente, ou mesmo a soma deles, pode ser considerado como patognomônico da intoxicação por chumbo inorgânico. A suspeita de que esse quadro clínico possa estar relacionado à intoxicação por chumbo surge com o conhecimento de que o paciente, adulto ou criança, tem algum tipo de exposição ao metal. A confirmação do diagnóstico se dá pela presença de outros sintomas, como cólica abdominal, sintomas gerais de fraqueza, fadiga, mialgia generalizada (ou mais localizada nas panturrilhas), inapetência, queixas gástricas, perda da libido, associados a alterações em alguns parâmetros hematológicos como diminuição nos níveis de hematócrito e hemoglobina, e presença de pontilhado basófilo nas hemácias.

A confirmação definitiva do diagnóstico se dá pela dosagem de algum parâmetro de dose interna, como chumbo no sangue (plumbemia) ou na urina (plumbúria), ou algum parâmetro de efeito do chumbo na cadeia de formação da hemoglobina, como aumento de ácido deltaminolevulínico na urina (ALA-U), aumento da dosagem de coproporfobilinogênio na urina (CPU), aumento de protoporfirina IX, dosada na forma livre (EP) ou na forma zincada (ZPP), e diminuição na atividade do ácido deltaminolevulínico desidratase (ALA-D).

 

, , ,

Deixe um comentário